Como ginecologista, é uma alegria poder compartilhar informações sobre um procedimento que pode fazer toda a diferença na vida das mulheres: a hidrotubação. Essa técnica, muitas vezes recomendada para tratar condições das tubas uterinas, desperta dúvidas compreensíveis. Neste artigo, abordaremos algumas questões relacionadas à hidrotubação para esclarecer e orientar.
1. O que é Hidrotubação?
A hidrotubação é um procedimento médico realizado para tratar (sempre primeiro investigando a causa) bloqueios, aderências, enovelamentos, e outras condições das tubas uterinas, estruturas vitais para a fertilidade. Envolve a introdução de medicamentos nas tubas, pelo canal do colo do útero (canal cervical), permitindo não só liberar bloqueios, mas tratar de dentro para fora distúrbios da trompa. Por isso a importância de haver uma investigação prévia da causa que gerou o problema na trompa uterina, tratando-o também.
2. Para quem é recomendada a Hidrotubação?
A hidrotubação é frequentemente recomendada para mulheres que enfrentam desafios de fertilidade devido a algumas condições patológicas das tubas uterinas, após um bom diagnóstico com o exame da histerossalpingografia.
3. O procedimento é doloroso?
A hidrotubação é geralmente bem tolerada. A maioria das pacientes relata desconforto mínimo e pode retomar suas atividades normais após o procedimento. Porém, a depender do nível de sensibilidade à dor, do grau de obstrução da tuba, e de outros fatores, o limiar da dor é sempre individualizado.
4. Qual é a relação da Hidrotubação com a fertilidade?
Ao tratar as tubas uterinas, a hidrotubação pode abrir caminho ou ajudar no percurso dos gametas, e também do óvulo fertilizado, melhorando significativamente as chances de gravidez. Lembrando da importante função dos cílios da mucosa tubária, instrumento que também auxilia no transporte do gameta e óvulo fertilizado. É uma opção excelente para mulheres que desejam conceber naturalmente.
5. Por que não se faz mais a hidrotubação como antigamente?
Antes de responder a pergunta, gostaria de ressaltar que o procedimento de hidrotubação atual sofreu avanços e melhorias se comparado há algumas décadas atrás. Entretanto, a evolução da medicina e o surgimento de tecnologias mais recentes levaram às técnicas de reprodução artificial, que retira a importância do ato conjugal na formação de uma nova vida. Um exemplo comum dessas técnicas é a Fertilização In Vitro (FIV) que, além de dispendiosa, possui uma taxa de sucesso baixa, em torno de 20%. Embora a hidrotubação ainda seja uma opção válida em muitos casos, esses outros métodos (como a FIV) são muitas vezes oferecidos logo como tratamento, o que não é justo para os casais que desejam tratar o motivo que esteja prejudicando sua fertilidade e gestar naturalmente. Há estudos científicos recentes, incluindo um de 2009, que são conduzidos de maneira séria e apresentam uma ampla amostragem de pacientes tratadas. Essas pesquisas evidenciam taxas de desobstrução tubária de 62%, juntamente com índices favoráveis de gravidez pós-tratamento. Você pode conferir os resultados no artigo a seguir:
Adesiyun AG, Cole B, Ogwuche P. Hydrotubation in the management of female infertility: outcome in low resource settings. East Afr Med J. 2009 Jan;86(1):31-6. doi: 10.4314/eamj.v86i1.46925. PMID: 19530546.
Assim, a hidrotubação é uma ferramenta valiosa na busca pela fertilidade e na superação de desafios nas tubas uterinas. Como ginecologista comprometida com a saúde integral, é gratificante oferecer às mulheres informações claras e apoiar decisões informadas sobre seus cuidados de saúde.
Se você tem mais dúvidas ou está considerando a hidrotubação, agende uma consulta para discutir suas necessidades específicas. Estou aqui para guiá-la em sua jornada para uma saúde feminina plena e em harmonia com seus valores.